
Cirurgia Bariátrica
A cirurgia bariátrica também chamada de gastroplastia ou cirurgia da obesidade é um procedimento indicado para tratar casos de obesidade mórbida e ou obesidade grave e das doenças associadas ao excesso de gordura corporal ou agravadas por ele. É realizada com o objetivo de reduzir o peso de pessoas com o Índice de Massa Corpórea (IMC) elevado.
IMC - Índice de Massa Corpórea
O IMC é calculado através da relação peso/altura², sendo assim classificando a obesidade em graus:
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Obesidade Grau I: 30 a 34,9 kg/m²
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Obesidade Grau II: 35 a 39,9 kg/m²
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Obesidade Grau III (ou mórbida): Acima de 40 kg/m²
Importante ressaltar que esses índices variam. Um atleta por exemplo, pode ter um alto IMC sem ser obeso, já que músculos pesam mais do que gordura. Por isso a importância da avaliação de um profissional capacitado para a indicação da cirurgia.
Indicação da Cirurgia Bariátrica
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) reforça que a indicação cirúrgica deve ser baseada na análise dos seguintes critérios:
IMC:
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Acima de 40 kg/m² , independentemente da presença de comorbidades;
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35 e 40 kg/m² na presença de comorbidades;
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30 e 35 kg/m² na presença de comorbidades que tenham obrigatoriamente a classificação “grave” por um médico especialista na respectiva área da doença.
Idade:
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Abaixo de 16 anos: exceto em caso de síndrome genética, quando a indicação é unânime, o Consenso Bariátrico recomenda que, nessa faixa etária, os riscos sejam avaliados por 2 cirurgiões bariátricos titulares da SBCBM e pela equipe multidisciplinar. A operação deve ser consentida pela família ou responsável legal e estes devem acompanhar o paciente no período de recuperação.
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Entre 16 e 18 anos: sempre que houver indicação e consenso entre a família ou o responsável pelo paciente e a equipe multidisciplinar.
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Entre 18 e 65 anos: sem restrições quanto à idade.
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Acima de 65 anos: avaliação individual pela equipe multidisciplinar, considerando risco cirúrgico, presença de comorbidades, expectativa de vida e benefícios do emagrecimento.
Doenças associadas: devem estar controladas para a faixa de risco que o paciente apresenta.
Tempo de doença: muitos pacientes apresentam obesidade ao longo de anos, mas é importante que eles tenham mantido o IMC estável por pelo menos 2 anos antes da cirurgia e, além disso, tenham passado por outras abordagens terapêuticas e falhado nelas.
Contraindicações
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Limitação intelectual significativa.
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Pacientes sem suporte familiar adequado.
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Quadro de transtorno psiquiátrico não controlado, incluindo uso continuo de álcool ou drogas ilícitas.
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Doenças genéticas
Resultados esperados
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Redução do peso;
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Remissão de doenças associadas como: diabetes tipo 2 , hipertensão, apnéia do sono, esteatose hepática não alcoólica , dislipidemia, doença do refluxo gastroesofágico, osteoartrite, depressão, entre outras.
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Melhora da qualidade de vida, destacando-se no aspecto psicológico, físico e saúde como um todo.
Pré-operatório
O pré-operatório vai muito além da necessidade do laudo nutricional.
O laudo nutricional, é exigido para a liberação do paciente para realizar a cirurgia bariátrica, mas o papel do nutricionista na cirurgia bariátrica vai muito mais além do que a emissão deste laudo.
É comum pensar que o tratamento nutricional da cirurgia bariátrica, começará somente após o procedimento, como se a cirurgia fosse uma mágica, sempre reforço que a cirurgia é uma ferramenta que vai auxiliar no processo de perda de peso e que introduzir bons hábitos alimentares antes da cirurgia, só trás benefícios para o pós-operatório.
Um dos principais objetivos do tratamento nutricional da cirurgia bariátrica, é mapear o perfil nutricional, destacando suas necessidades e deficiências nutricionais, visando uma orientação adequada para a conduta alimentar. Realizar avaliação antropométrica, bioquímica e dietética, assim como, corrigir hábitos alimentares errôneos, instituir uma rotina de adequações comportamentais, identificar os gatilhos de eventuais compulsões alimentares, reduzir o risco cirúrgico através da perda de peso, abordar com o paciente e seus familiares as mudanças que ocorrerão no pós-operatório, é primordial para o acompanhamento de pré-operatório visando o sucesso da cirurgia.
É fundamental que o paciente compreenda a importância do seu comprometimento para bons resultados.
Pós-operatório
Após a cirurgia bariátrica, a anatomia estará alterada: estômago reduzido e/ ou parte do intestino excluído do trajeto alimentar. Tudo isso visando promover uma perda através da restrição de quantidade alimentar e nutrientes a serem absorvidos. Sendo assim, fazer escolhas alimentares mais adequadas, nas diferentes fases do pós-operatório é muito importante.
O acompanhamento nutricional buscará o bem-estar físico e emocional do paciente, através da seleção dos alimentos que contenham os nutrientes mais saudáveis e que estejam adequados às necessidades de cada indivíduo para que a rápida perda de peso não leve à desnutrição ou ao temível reganho de peso, caso o paciente não compreenda, que a cirurgia por si só, não faz milagre.
De maneira geral, a principal mudança na alimentação após a cirurgia, é uma diminuição importante na quantidade de alimentos consumidos diariamente devido a intervenção cirúrgica no trato digestivo, fazendo necessário ter qualidade na alimentação.
No pós-operatório, pode-se dividir o cuidado com a alimentação em fases após a cirurgia:
1º fase: Líquida- que tem como principal objetivo o repouso gástrico, a adaptação aos pequenos volumes e a hidratação.
2º fase: Semi-líquida/ pastosa- é uma fase de transição. Visa facilitar a digestão dos alimentos, treinando a mastigação e o tempo de refeição.
3º fase: Branda- caracteriza-se pela fase da seleção qualitativa e mastigação exaustiva. A alimentação vai evoluindo gradativamente para uma consistência cada vez mais próxima do ideal para uma nutrição satisfatória e prazerosa dentro da reeducação alimentar.
4º fase: Fase de otimização da dieta- O paciente pode ser capaz de selecionar os alimentos que lhe tragam mais conforto, satisfação e qualidade nutricional.
5º fase: Fase da independência alimentar- mantém acompanhamento periódico para a manutenção do peso e monitoração do estado de saúde.